A Câmara Municipal virou um retrato da bagunça política que se instalou na base do prefeito Márcio Corrêa. O líder do governo, Jean Carlos (PL), foi jogado às feras, sem amparo, sem discurso de defesa e sem qualquer gesto de autoridade do próprio prefeito. Enquanto isso, a base, que deveria agir como um bloco coeso, se transformou em um campo de guerra onde cada vereador joga por conta própria e, muitas vezes, contra o próprio governo.
O caso de Jackson Charles (PSB) é didático. Ele posa de governista, mas também se alia à oposição para pressionar o Executivo. Faz esse jogo duplo sem pudor, costurando a turma do Roberto e outros oposicionistas quando percebe que não tem suas vontades e vaidades atendidas. Age como se fosse maior do que a própria base e, o pior, encontra espaço para isso porque o prefeito permite.
Wederson Lopes (UB) é outro enigma. Antes da legislatura, era dado como nome certo para assumir a liderança do governo. Tinha trânsito político e respeito dentro do plenário. Mas o que se vê hoje é um vereador silencioso, omisso e, em certos momentos, alimentando nos bastidores a fritura de Jean Carlos. O mínimo que se esperaria de alguém que se diz da base seria a defesa pública do líder. Mas Wederson parece mais interessado em ver Jean sangrar para, quem sabe, ocupar seu lugar. É o tipo de esperteza que pode até render dividendos individuais, mas que implode qualquer chance de unidade no grupo.

E onde está o prefeito em meio a essa disputa rasteira? Em lugar nenhum. Márcio Corrêa assiste à desagregação de sua base como se fosse apenas um espectador desinteressado. Não defende seu líder, não chama os vereadores à responsabilidade, não dá a palavra final. A omissão é tamanha que já começa a parecer não apenas fraqueza, mas conivência.
Resultado: a base está perdida, Jean Carlos isolado, Jackson Charles fazendo jogo duplo, Wederson Lopes jogando para si e a oposição se aproveitando do caos. O governo, que deveria “comandar” a Câmara, poderá virar refém dela.
Se Márcio Corrêa não acordar, corre o risco de terminar refém de aliados que se comportam como adversários e de um plenário que não respeita sequer o líder escolhido. O prefeito já perdeu tempo demais. E, em política, quando o governo perde o comando, dificilmente recupera.



