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Esqueçam os heróis, o Brasil precisa de gente que saiba jogar

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No capítulo de hoje, quero citar como exemplo Michel Temer, o homem que entendeu o jogo político. Isso o torna um bom líder? Alguém digno de admiração automática? Não. Mas é um fato, ele soube, e sabe, jogar.

E por que isso importa agora?

Porque o Brasil hoje vive um modelo de poder que a Constituição não descreve, mas que a realidade impôs. O país se tornou, na prática, um semi-presidencialismo dissimulado. O presidente ainda é eleito com pompa, como se fosse a figura central, mas quem tem a caneta que realmente escreve o destino do país é o Congresso Nacional.

A maior parte da população, no entanto, continua votando como se vivêssemos na década de 90. Vota em presidente como se estivesse escolhendo um rei, e esquece que, sem base no Congresso, qualquer presidente vira apenas um porta-voz de intenções frustradas. A dona Dilma que o diga.

E aí está o ponto, o poder não está mais concentrado no Executivo, está espalhado. E, mais do que espalhado, está capturado por forças que não prestam contas ao voto popular da mesma forma que o presidente. É o Congresso que manda no orçamento, que decide se um governo sobrevive ou não, que opera, nos bastidores, a máquina de um país inteiro.

Em 2026, as eleições serão mais um capítulo decisivo dessa história. E o voto mais importante não será para presidente, será para deputado e senador. São eles que moldam o que o presidente pode ou não fazer. É ali, no plenário, que se decide se o Brasil anda ou empaca. Temos também o STF participando, mas vamos falar disso depois.

É por isso que o país já não tem mais espaço para figuras messiânicas, para líderes que se vendem como mitos, como salvadores, como moralistas de palco, ou até como pai dos pobres. O Brasil precisa de alguém que compreenda o que é o poder hoje, e o que fazer com ele. Digo isso para a política interna e externa, e que Deus nos proteja da “taxação”.

Alguém que consiga sentar à mesa com a base do PT, com o centrão, com a centro-direita confusa, que flerta com a esquerda enquanto diz que Lula está errado, e também com a direita, que já não sabe mais nem para que lado deve atirar. Alguém que entenda que o Brasil é um quebra-cabeça político, e que não adianta quebrar as peças para forçar encaixe.

Não se trata de defender o estilo Temer, nem de repetir modelos, mas de reconhecer uma coisa, o país está à deriva quando escolhe líderes que não sabem como o sistema funciona.

Chegamos a um ponto em que não adianta mais eleger alguém contra tudo isso que está aí. Quem não sabe lidar com isso que está aí não governa, não aprova orçamento, não consegue formar maioria, não entrega absolutamente nada. Política é jogo, é técnica, é construção. O resto é ilusão vendida em época de eleição.

Por hora, teremos que “manter isso aí”.

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