O Brasil voltou a escolher seus presidentes em 1989, mas até hoje não conseguiu estabilizar seu sistema político. Desde o fim do regime militar, o país tem vivido uma sequência de traumas institucionais que colocam em xeque a solidez da democracia, um presidente eleito que morreu antes de assumir, dois impeachments, três ex-presidentes presos e, mais recentemente, um ex-chefe do Executivo usando tornozeleira eletrônica.
Em vez de amadurecimento democrático, vimos o avanço de personalismos, extremos ideológicos e alianças oportunistas. A esquerda, que governou por anos, se enfraqueceu após denúncias de corrupção. A direita emergiu com força, mas se radicalizou a ponto de desafiar as próprias regras do jogo. O centro político, por sua vez, se desfez em pragmatismo vazio.
Agora, vivemos também uma crise institucional, em que os Poderes da República se chocam abertamente, alimentando um ambiente de tensão constante. O Executivo, o Legislativo e o Judiciário entraram em rota de colisão, e a população assiste a um embate contínuo que enfraquece ainda mais a confiança nas estruturas do Estado.
O Brasil realiza eleições regulares, mas vive em constante instabilidade. A redemocratização foi o ponto de partida, não de chegada, e enquanto o país não romper com o ciclo de crises, personalismos e rupturas, seguirá preso a uma democracia incompleta, sempre à beira de um novo abalo.



