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A guerra híbrida chegou ao ponto de ebulição

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O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, não é apenas uma medida comercial. É, na verdade, a face mais visível de um conflito silencioso que se arrasta desde junho de 2013. Estamos diante de uma guerra híbrida que agora chega ao ponto de ebulição.

Desde as manifestações populares de 2013, o Brasil passou a ser palco de um processo contínuo de instabilidade política, ataques às instituições, disputas narrativas nas redes sociais e tentativas de desestabilização que ultrapassam as fronteiras internas. Nada disso aconteceu por acaso. O país se tornou uma peça importante no xadrez geopolítico global e passou a ser alvo de interesses que vão muito além da nossa política doméstica.

Agora, com a decisão de Trump, essa guerra ganha um novo capítulo, escancarado. Em sua carta ao presidente Lula, o líder americano justifica a sanção como uma reação à suposta perseguição contra Jair Bolsonaro, ao que chama de censura às redes sociais e à vantagem comercial injusta do Brasil. No fundo, é uma resposta direta à orientação política que o atual governo brasileiro vem adotando, especialmente na sua tentativa progressista de promover justiça social e redistribuição de renda.

Nos últimos meses, o governo Lula tem reforçado uma narrativa clara, é preciso taxar os mais ricos para melhorar a vida dos mais pobres. A proposta tem apoio de parte significativa da população, mas também incomoda setores nacionais e internacionais ligados ao grande capital. A reação de Trump parece dialogar com esse incômodo. Ao impor sanções ao Brasil, ele envia um recado que ultrapassa o comércio exterior, punir o Brasil por querer mexer com os de cima.

Ao mesmo tempo, a oposição interna tenta se aproveitar do momento, acusa o governo de provocar o atrito, de adotar uma política externa ideológica e de criar insegurança para investidores. Mas essa crítica ignora o cenário maior, há, sim, uma disputa de poder global em jogo, e o Brasil está sendo pressionado justamente por tentar trilhar um caminho diferente daquele ditado pelos interesses históricos de Washington.

A guerra híbrida, por definição, é aquela que mistura instrumentos militares, econômicos, jurídicos, midiáticos e tecnológicos. Não se trata de tanques nas ruas, mas de plataformas digitais, processos judiciais, instabilidade econômica e guerra de versões. A imposição da tarifa americana é só mais uma ferramenta desse jogo.

No fim das contas, quem mais perde com essa escalada são os mais pobres. Com produtos encarecendo, empregos em risco e investimentos travados, o impacto social pode ser profundo. E o paradoxo se impõe, enquanto o governo tenta defender a ideia de que os ricos devem contribuir mais para o país crescer com justiça, as sanções vêm justamente para dificultar esse avanço.

Estamos no meio de um conflito de longa duração, e a maturidade política será essencial para atravessá-lo sem comprometer nosso futuro.

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