Há quem venda coragem em discursos inflamados, gravados para o efeito do palanque e das redes sociais. E há quem, no mesmo país, prefira agir, sem tanto marketing, mas com resultado concreto. Ronaldo Caiado aprendeu cedo a compor o personagem do “governador da segurança”, aquele que promete “devolver os espaços dominados por facções ao povo brasileiro”. Um discurso de impacto, forte, de quem fala como se o verbo bastasse. Mas a diferença entre falar e fazer é o abismo onde a realidade costuma engolir os personagens de teatro.
A lembrança ainda é recente, a caçada a Lázaro. Um homem, um só criminoso, e um aparato inteiro mobilizado, helicópteros, drones, cães, centenas de agentes, cobertura ao vivo e, no fim, uma operação que mais se pareceu com novela de ação do que com eficiência policial. O país inteiro acompanhou o “espetáculo” da caçada que se estendeu por dias e dias, até que o desfecho serviu de show político. E, quando as luzes baixaram, restou a dúvida, como alguém que promete “retomar o Brasil das mãos do crime” teve tamanha dificuldade para conter um único bandido?
Enquanto Caiado encena a sua bravura diante das câmeras, o Rio de Janeiro, acostumado a ver de perto o desafio da criminalidade real, assistiu a Cláudio Castro fazer o que ele apenas ensaia. O governador fluminense colocou a tropa nas ruas, montou uma megaoperação, enfrentou o crime organizado e, de quebra, conquistou o apoio de governadores que antes aplaudiam Caiado e agora reverenciam Castro. A prática, afinal, falou mais alto do que o discurso.
Cláudio Castro mostrou força política e capacidade de articulação, duas qualidades que o goiano parece ter perdido entre uma entrevista e outra, quando precisa responder sobre temas incômodos, como a morte de Fábio Escobar, seu ex-aliado, ou as críticas de especialistas em segurança pública que zombam da demora de Goiás em capturar Lázaro. O episódio virou símbolo da diferença entre a retórica e a realidade.

Caiado gosta de se apresentar como o homem que enfrenta bandidos, o guardião da ordem, o que não teme o confronto. Mas o tempo mostrou que, por trás do discurso, há mais teatro do que resultado. E o público já começa a perceber a encenação. A segurança pública não se constrói com frases de efeito, e sim com estratégia, inteligência e presença, o que Cláudio Castro, a despeito das críticas e polêmicas, tem demonstrado em campo.
O contraste é evidente, Caiado interpreta o herói de um roteiro repetido, Cláudio Castro atua no mundo real, onde o que vale não é o microfone, mas o resultado. A fantasia do primeiro é desmentida, dia após dia, pela prática do segundo.
E o Brasil, cansado de discursos, começa a distinguir quem de fato governa, de quem apenas ensaia.



