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Ninguém erra o caminho de volta: o baile de volta ao ninho tucano

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Se a política tivesse GPS, alguns aparelhos estariam recalculando a rota com cara de constrangimento. Neste sábado, a Assembleia Legislativa virou palco de uma comemoração que, em tom e cenário, mais parecia um déjà-vu bem ensaiado: Marconi Perillo voltou a reunir correligionários e ex-aliados numa solenidade que celebrou seus 30 anos no PSDB, e a plateia fez o resto do roteiro.

O curioso, e deliciosamente irônico, é o preenchimento das cadeiras: rostos que, não faz tanto tempo, seguraram a bandeira do “Unidos para Mudar Goiás” e empurraram Ronaldo Caiado ao Palácio das Esmeraldas em 2018, agora desfilaram como se o GPS político nunca tivesse perdido o sinal. Para lembrar os fatos frios, foi naquela mobilização que Caiado consolidou sua vitória, numa eleição em primeiro turno que lhe garantiu mais de 59% dos votos.

“Caiadistas” de primeira hora já se vestem de “volta Marconi”

Marconi, aliás, não é um estranho ao ofício de retornar: foram quatro mandatos, campanhas, vitórias e derrotas que ensinaram a ele, e a muita gente, a arte de circular por corredores que, sempre que conveniente, se transformam em passarelas. Não surpreende ver, portanto, a turma que antes aplaudia o outro lado agora aplaudindo o ex-governador, política é, afinal, a ciência do retorno programado.

O espetáculo teve dois atos previsíveis: o primeiro, a cerimônia em si, protocolo, discursos, selfies e elogios requentados; o segundo, os comentários nos bastidores, já comparando o formato da festa à velha cartilha das mobilizações de 2018, como se todos tivessem combinado a mesma coreografia para ontem e hoje. Quem assiste de fora, com um misto de espanto e sono, percebe que as cadeiras mudam de etiqueta, mas a música segue a mesma.

Para completar o quadro, e alimentar o sabor irônico do retorno, vale lembrar que as arestas entre os grupos nunca foram poucas. As reconciliações públicas, as trocas de elogios estratégicos e os abraços para a foto têm a mesma qualidade efêmera de guarda-chuvas em ventania, servem bem até a próxima tempestade. A plateia aplaude, o fotógrafo registra, e a história guarda o roteiro para uso futuro.

Se o leitor espera novidade, que fique com a seguinte certeza: a política tem memória curta quando convém, e memória longa para quem precisa juntar apoios. O retorno é sempre uma prática política antiga, e eficiente. Em Goiás, ao que tudo indica, a viagem de volta ao passado já tem bilhetes vendidos, e o motorista do ônibus partidário só tenta convencer que é rota inédita.

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