Nos últimos anos, em Anápolis, o debate sobre saúde pública tem se concentrado fortemente no acesso ao atendimento. De fato, este é um passo fundamental, garantir que a população tenha onde ser acolhida, que não precise enfrentar filas intermináveis e que encontre portas abertas quando necessitar de auxílio médico. Porém, é preciso compreender que saúde pública vai muito além de simplesmente oferecer um número maior de recepções e consultas rápidas.
Estar com as recepções vazias e ter um tempo de espera aceitável não significa, necessariamente, que os problemas estão sendo resolvidos. A realidade ainda mostra que a qualidade do atendimento público permanece aquém do necessário. Em especial, quando falamos de análises mais complexas, de encaminhamentos para especialidades, da realização de cirurgias eletivas e da resolutividade de casos que exigem acompanhamento contínuo, a população segue enfrentando enormes dificuldades.
Houve avanços em comparação com gestões anteriores. No passado, sob a administração de Roberto Naves (Republicanos), ex-prefeito de Anápolis, a cidade de 400 mil habitantes contava apenas com uma UPA funcionando de portas abertas, o que sobrecarregava o sistema e deixava milhares de cidadãos sem a devida assistência. Hoje, com novas unidades implementadas, o acesso se tornou mais amplo e democrático. Esse, sem dúvida, foi um passo importante, o atendimento básico passou a existir.
No entanto, o grande desafio do presente é outro, qualidade. A população não busca apenas ser atendida, ela precisa que o atendimento resulte em diagnóstico preciso, em encaminhamentos eficientes, em especialidades acessíveis e em cirurgias realizadas dentro de um tempo razoável. O atendimento só tem valor real quando é resolutivo, quando consegue oferecer respostas concretas às necessidades de saúde das pessoas.
Portanto, o futuro da saúde pública em Anápolis não pode se limitar a abrir portas. É preciso entregar serviços de qualidade, com equipes capacitadas, infraestrutura adequada e gestão que coloque a resolutividade como prioridade. O primeiro passo foi dado, acesso. O segundo, e mais urgente, é garantir que cada consulta e cada exame se transformem em solução, não apenas em estatística de atendimento.



