Enquanto a Câmara Municipal de Goiânia se movimenta para instaurar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) voltada à limpeza urbana, tema que há anos é um dos maiores gargalos estruturais da capital, consumindo vultosas fatias do orçamento municipal e afetando diretamente a Comurg, em Anápolis, a monotonia impera.
Na legislatura passada, denúncias envolvendo saúde, educação e outras áreas sensíveis chegaram a mobilizar o Ministério Público e o Tribunal de Contas, ainda assim, a Câmara Municipal de Anápolis não deu o mesmo passo que agora vemos em Goiânia.
Um exemplo emblemático foi a chamada “CEI da Saúde”. Muito discutida, chegou a reunir documentos e faturas que indicavam indícios de má gestão, mas, ao final, a comissão sequer foi instaurada. Na prática, optou-se por colocar uma pedra sobre as suspeitas e virar a página, mesmo diante de questionamentos sobre possíveis desvios de recursos públicos, indícios de corrupção e, sobretudo, diante das vidas perdidas em razão de uma gestão considerada desastrosa.
Com a virada de 2024 para 2025, parece ter sido servida uma “poção mágica” no plenário da Câmara de Anápolis. Os vereadores, muitos deles antes ligados à base do ex-prefeito Roberto, migraram com rapidez para a base do atual prefeito Márcio, e, junto com a troca de lado, se esqueceram da oportunidade de tirarem a limpo, e mais que isso, de liderarem uma correção de rota muito importante para a cidade.
O resultado é um cenário de impunidade.
Inúmeras situações graves que vimos e vivemos estão caindo no esquecimento. Hoje, infelizmente a população vê a cidade caminhar sem o rigor que deveria ser garantido pelo Parlamento municipal.
Se em Goiânia a Câmara entendeu a necessidade de apurar a fundo o problema da limpeza urbana, em Anápolis a sensação é de que a palavra “CEI” não existe no vocabulário político.
Em Goiânia, CEI.
Em Anápolis, não sei.



