Na política de Goiânia, há uma dinâmica silenciosa, mas poderosa: quando um prefeito fraqueja, a Câmara assume. Foi assim com Paulo Garcia (PT), foi assim com Rogério Cruz (Republicanos), e pode ser assim novamente, agora sob a gestão de Sandro Mabel (UB).
E é por isso, que a secretária de governo, Sabrina Garcêz, tem a missão de manter o prefeito no comando de fato, algo raro na história recente da capital. A exceção foi Iris Rezende (MDB), que governou com mãos firmes e deixou a Câmara em segundo plano. Fora isso, a tradição tem sido a de um Legislativo que ocupa o vácuo deixado por prefeitos enfraquecidos.
Com Rogério Cruz (Republicanos), a situação chegou ao ponto de Romário Policarpo (PRD), presidente da Câmara, assumir a Prefeitura literalmente. Policarpo, aliás, se tornou um símbolo desse poder paralelo, acumulando mandatos seguidos no comando da Casa de leis, sabendo jogar o fino do jogo.
Por outro lado, todos sabem que Garcêz conhece o ambiente parlamentar como poucos. Ela vem de uma família de tradição política, a mãe foi vereadora, o tio, Wladimir Garcêz, presidiu a Câmara, e ela mesma teve dois mandatos como vereadora. Agora, é hora de usar toda essa bagagem para articular, costurar e, sobretudo, blindar o prefeito Sandro Mabel (UB) diante de um Legislativo que já provou que não hesita em governar se for deixado à vontade.
A situação exige mais que habilidade, exige estratégia. Mabel ainda não encontrou caminhos para se comunicar com a população nem para construir uma base sólida na Câmara. O risco de perder o controle não é hipotético, é histórico. quando o prefeito vacila, a Câmara governa.



