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A China sempre foi uma potência, jamais uma Democracia

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A China é uma anomalia histórica, e um lembrete incômodo para o pensamento político ocidental: nunca foi uma democracia e, mesmo assim, tornou-se uma das nações mais ricas e poderosas do planeta. Isso não aconteceu por acidente, nem por sorte. Foi fruto de uma combinação rara, um Estado centralizador com vocação milenar para o controle absoluto, que soube abrir o mercado com precisão cirúrgica, sem jamais abrir mão do poder político.

A verdade é que a China nunca teve qualquer tradição democrática. Antes do comunismo, era um império. Antes da república, um regime de clãs e dinastias. E depois de Mao, em vez de experimentar uma abertura política, como ocorreu em outras partes do mundo, a China optou por algo próprio, manter o partido único, mas introduzir mecanismos de mercado. Um modelo que não prometia liberdade política, mas entregava crescimento e estabilidade.

Mais do que isso, é impossível oferecer ao povo chinês algo que ele nunca experimentou. A democracia, como entendida no Ocidente, nunca foi realidade na China. O povo chinês não tem memória coletiva de escolha direta, alternância de poder ou liberdade política plena. Para a maioria, o governo centralizado, autoritário e tecnocrático é a normalidade. Esse tipo de regime, portanto, não é uma aberração no imaginário chinês, é simplesmente o modo como o país sempre funcionou. Isso explica por que há estabilidade interna mesmo com forte repressão política: a expectativa de participação política nunca existiu em larga escala.

E funcionou. A China cresceu como nenhuma outra nação no século XX e início do XXI. Tirou milhões da pobreza, urbanizou o país em tempo recorde, dominou setores estratégicos da economia mundial e se impôs como superpotência, tudo isso sem eleições livres, sem imprensa independente, sem alternância de poder.

Mas aqui está o ponto central: qualquer idiota que tente copiar esse modelo está fadado ao fracasso.

Não há fórmula mágica a ser reproduzida. A China só conseguiu fazer o que fez porque tinha um histórico de centralização imperial, uma cultura profundamente hierárquica e uma elite política que, apesar de autoritária, foi racional e pragmática na condução da economia. Isso é raro, raríssimo.

Veja a Rússia. Também abandonou a democracia, se é que algum dia a teve de fato, e entregou o poder a uma figura autoritária e centralizadora, Vladimir Putin. Mas, ao contrário da China, não houve explosão de riqueza, nem salto tecnológico, nem ascensão social em massa. O crescimento foi lento, desigual, dependente de commodities, e sempre sob o peso da corrupção, da fuga de capitais e do isolamento diplomático. A desconfiança internacional nunca cessou, e o país mergulha, ano após ano, em conflitos externos que minam qualquer chance de estabilidade de longo prazo.

A diferença está na condução, na história e na disciplina institucional, e não na simples ausência de democracia. A China não é um exemplo do que pode ser feito sem democracia, é um caso isolado do que só ela conseguiu fazer, com um controle quase absoluto da máquina pública, mas com foco em resultados.

Portanto, é hora de abandonar a ilusão: o modelo chinês não é exportável. Ele não serve para ser copiado. Ele só existe porque nasceu de uma história única, em um contexto único, com líderes que, embora autoritários, tomaram decisões estratégicas acertadas. E isso não é comum. É exceção.

O que resta ao resto do mundo é reconhecer isso, e entender que a democracia, com todas as suas imperfeições, ainda é o caminho mais seguro para a maior parte dos países. Porque fora da China, autoritarismo geralmente não entrega prosperidade. Só atraso.

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