Durante a campanha eleitoral, a criação de pontos de apoio aos motoboys foi uma pauta fácil, daquelas que todo político gosta de levantar porque rende aplausos e votos. Todos os candidatos a prefeito e vereador prometeram soluções para a categoria. O atual prefeito Márcio Corrêa (PL), inclusive, foi um dos que mais utilizaram o tema em discursos, entrevistas e debates. Mas, como tem sido comum em muitas promessas eleitorais, tudo parou no palanque. Passados mais de seis meses de gestão, nada saiu do papel. Nenhuma obra iniciada, nenhum projeto anunciado, nenhum posicionamento oficial. Silêncio total.
O tema voltou à tona após um triste episódio de agressão a um entregador ocorrido no último fim de semana no Brasil Park Shopping. Sem estrutura adequada, motoboys mais uma vez se viram expostos à desorganização e ao descaso. A falta de um espaço digno para aguardar os pedidos gerou indignação e motivou uma manifestação em frente ao centro de compras. Os profissionais cobraram o básico, sombra, banheiros, água, segurança e, principalmente, respeito.

Mas o problema não para por aí. A situação dos motoboys em Anápolis chega a ser contraditória, além de não haver apoio, ainda há punição. No próprio Brasil Park Shopping, os entregadores têm sido multados com frequência pela CMTT porque simplesmente não existem vagas reservadas para que estacionem enquanto aguardam ou retiram as encomendas. É uma demonstração clara de que, além de não colaborar, o poder público tem atrapalhado o trabalho de quem garante que a cidade continue funcionando.
E é nesse ponto que a crítica precisa ser mais dura, ao não colaborar, e, pior ainda, ao atrapalhar o trabalho dos motoboys, o poder público revela não só negligência, mas também incompetência e falta de senso de realidade. Não é possível governar uma cidade ignorando quem sustenta a dinâmica dela. Em tempos em que o delivery é essencial para a economia, ignorar a realidade dos motoboys é fechar os olhos para o presente.
Comércios, shoppings, restaurantes, farmácias e a própria população dependem desses trabalhadores. Os motoboys não são coadjuvantes, são parte central da rotina urbana. Não enxergar isso é um erro grave. E prometer mudança sem entregar nada é um erro ainda maior.
O prefeito Márcio Corrêa, que tanto falou e prometeu durante a campanha, permanece em silêncio. Não prestou esclarecimentos após o protesto, não se reuniu com a categoria e tampouco apresentou alguma previsão de cumprimento das promessas que fez.



