Enquanto o prefeito Márcio Corrêa (PL) ocupa os holofotes denunciando supostas irregularidades no programa Bolsa Graduação, em especial com críticas ao financiamento de cursos de Medicina para estudantes de famílias de alta renda, corre nos bastidores da política anapolina uma informação que, se confirmada, pode colocar o discurso do gestor em xeque.
Dois sobrinhos de um político extremamente próximo ao prefeito, com quem ele despacha quase diariamente, estariam entre os contemplados pelo programa. A denúncia, que circula nos corredores do Paço Municipal e da Câmara Municipal de Anápolis, acende o alerta para possíveis favorecimentos dentro do próprio grupo político de Márcio Corrêa.
Na fala que repercutiu nas redes sociais e na imprensa, o prefeito foi enfático: “Anápolis não vai pagar bolsa de medicina para filho de rico”. E foi além, destacando que o município não tem obrigação legal de arcar com o Ensino Superior, tarefa que, segundo ele, cabe ao Governo Federal. O foco da prefeitura, argumentou, deve ser o Ensino Infantil e os primeiros anos do Ensino Fundamental.
O problema é que, em meio à tentativa de construir uma narrativa de responsabilidade fiscal e justiça social, a revelação de que parentes de aliados muito próximos estariam recebendo bolsas de alto valor, justamente os que o prefeito acusa de não precisar do benefício, pode desmoronar o discurso e levantar suspeitas de hipocrisia administrativa.
O episódio coloca em xeque não apenas os critérios de concessão das bolsas, mas também a coerência da gestão. Afinal, quem está por trás da lista dos beneficiários? Quem avaliza? E quem fiscaliza?
Nos bastidores, a pressão cresce para que a lista completa dos bolsistas seja divulgada e auditada com total transparência, inclusive com informações sobre vínculos familiares com integrantes do alto escalão da atual gestão.
Se o prefeito realmente quer moralizar o programa, talvez precise começar pelas ligações mais próximas ao seu próprio gabinete.



