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No congresso, o centrão admite uma nova postura

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Faltando pouco mais de um ano para as eleições presidenciais, Eduardo Bolsonaro pode ter cometido um erro estratégico grave ao articular, junto ao ex-presidente Donald Trump, uma ofensiva tarifária contra o Brasil. A tentativa de forçar uma agenda externa com impacto direto na economia interna acendeu o alerta entre deputados do centro, da centro-direita e até da centro-esquerda, que veem nas tarifas americanas um ataque direto à indústria nacional, e, consequentemente, aos empregos, à renda e à estabilidade econômica do País.

A postura do deputado do PL foi vista por parlamentares como um gesto de irresponsabilidade com interesses estratégicos do Brasil. E o timing não poderia ser pior, no momento em que o Congresso busca se reposicionar para as eleições de 2026, qualquer associação com medidas que tirem dinheiro do bolso dos empresários e impactem negativamente a economia tende a ser rejeitada com força.

Nos bastidores, a avaliação é de que Eduardo, ao tentar agradar Trump, acabou isolando ainda mais o bolsonarismo e atrapalhando as articulações do próprio pai, Jair Bolsonaro. O Centrão, que flertava com um afastamento gradual do governo Lula, recuou. O discurso da “soberania nacional”, inflamado pelos ataques de Trump, uniu diferentes espectros políticos em torno da defesa do Brasil, e reposicionou o presidente Lula no jogo.

Centrão muda de rumo

Lideranças do Centrão já percebiam os riscos de se associar a um movimento impopular e perder votos da classe empresarial. A ameaça de fechamento de fábricas, aumento no preço de produtos e redução de empregos pesa muito mais que qualquer alinhamento ideológico com o bolsonarismo. E foi justamente essa sensibilidade que fez com que parte do bloco político mais pragmático do Congresso desse meia-volta e se reaproximasse do governo federal.

Além disso, Lula reabriu o diálogo com nomes importantes da Câmara, como Arthur Lira, enquanto expôs publicamente a influência de Ciro Nogueira sobre Hugo Motta, deixando claro quem ainda negocia e quem perdeu espaço. Com isso, o governo recupera, aos poucos, condições de governabilidade e atrai novamente o Centrão para a mesa.

Alckmin no comando e STF em alerta

Com a escalada de tensão provocada por Trump e o trio Bolsonaro, Jair, Eduardo e Flávio, o governo federal reagiu. O vice-presidente Geraldo Alckmin foi escalado para comandar o comitê interministerial que vai ouvir o setor produtivo e reforçar a posição brasileira contra o tarifaço. Alckmin, que tem bom trânsito entre empresários, surge como peça-chave para conter a crise e garantir apoio político num momento delicado.

Enquanto isso, o STF também reagiu. O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, publicou uma carta pública em defesa do Judiciário e reforçou os fatos sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro, rebatendo com firmeza o que chamou de “chantagem” vinda dos aliados de Trump.

Conclusão

No fim das contas, a tentativa de Eduardo Bolsonaro de instrumentalizar a política externa para fins eleitorais pode ter dado com os burros n’água. Ao atacar a economia brasileira com apoio estrangeiro, ele perdeu apoio político interno. Nenhum deputado sério quer carregar nas costas uma medida que atrapalha diretamente a vida do cidadão comum. E o Centrão, como sempre, já está recalculando a rota.

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