As movimentações em torno da disputa pelas duas vagas ao Senado em Goiás ganharam novos contornos após o recuo do ex-deputado federal Major Vitor Hugo (PL), que desistiu da pré-candidatura ao Senado e deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.
O recuo de Vitor Hugo muda significativamente o tabuleiro político e, na prática, sinaliza que o Partido Liberal (PL) abre espaço para uma possível composição com a base do governador Ronaldo Caiado (UB) na majoritária. E essa sinalização não é apenas sobre uma vaga ao Senado, mas sim sobre um pacote completo, uma vaga ao Senado e a vice-governadoria.
Até então, o desenho político parecia mais consolidado. A expectativa era de que a base governista teria como candidatos ao Senado Gracinha Caiado (UB), esposa do governador, e Gustavo Mendanha (PSD), que consolidou sua aliança com Caiado após uma costura que contou com a articulação do vice-governador Daniel Vilela (MDB).
No entanto, com a movimentação no PL, que mantém a pré-candidatura do deputado federal Gustavo Gayer (PL) ao Senado, o cenário volta a ficar aberto. Gayer, que pontua bem nas pesquisas e mantém forte apelo nas redes sociais, permanece como nome consolidado do partido na disputa por uma das cadeiras no Senado.
Porém, pesa sobre Gayer um fator que pode mudar completamente a configuração do jogo. O deputado federal enfrenta um processo movido pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD), que pode, inclusive, levar à cassação do seu mandato e até torná-lo inelegível. Nos bastidores, comenta-se que uma das condições para que Vanderlan retire esse processo seria uma costura política que envolvesse sua ida para o PL, onde poderia ser lançado como candidato ao Senado ao lado de Gustavo Gayer, com o próprio Gayer apoiando esse movimento como parte do acordo.
Essa possibilidade reacende discussões sobre a segunda vaga ao Senado e torna o PSD uma peça ainda mais central no xadrez político goiano. Isso porque, se Vanderlan se transferir para o PL, ele se tornaria uma alternativa viável tanto para compor com a base de Caiado quanto para manter uma chapa própria do partido, caso as negociações não avancem.
Fontes ouvidas pelo Realidade do Povo afirmam que o PL já transmite sinais claros à base governista, “Temos uma vaga para o Senado com Gayer e oferecemos também a vice-governadoria. Se a base quiser, podemos discutir juntos a segunda vaga ao Senado. O pacote está na mesa.”
O próprio PSD vive agora uma encruzilhada. Por um lado, mantém Gustavo Mendanha como nome natural na base de Caiado para o Senado. Por outro, observa o movimento do PL e também avalia o futuro de Vanderlan Cardoso, que, caso se confirme sua ida ao PL, muda totalmente a lógica da disputa.
Nos bastidores, o entendimento é que, se o PSD não conseguir consolidar Mendanha na chapa majoritária, ou se a situação de Gayer se complicar juridicamente, o PL pode ser o destino de Vanderlan, viabilizando uma composição onde ele e Gayer formariam a chapa para o Senado, além de negociar a vice-governadoria com a base de Caiado.
Por outro lado, caso a aliança se concretize de forma ampla, o desenho pode ser o seguinte, Gracinha Caiado (UB) e Gustavo Gayer (PL), ou Vanderlan, já no PL, como candidatos ao Senado, e o PL indicando também o nome para a vice-governadoria, fechando o pacote majoritário com a base.
Enquanto isso, a decisão de Major Vitor Hugo de recuar da disputa ao Senado é vista como uma estratégia para fortalecer sua eleição à Câmara dos Deputados, ao mesmo tempo em que abre caminho para o PL negociar posições de maior relevância na majoritária, sem se isolar da base governista.
O que antes parecia definido volta a ser um jogo de alto risco e muitas possibilidades. O fato é que a disputa pelo Senado em Goiás tende a ser uma das mais imprevisíveis e acirradas das eleições de 2026.



